Quem passa pela rua José Thomaz da Costa, altura do número 489, se depara com uma construção antiga que é a sede social do time do Flamengo. Os desavisados podem até pensar se tratar de uma Capela, mas o prédio ajuda a contar a história de um dos times de futebol mais tradicionais da cidade e que foi fundado em 1944.

Nos anos 50 o Vossoroca estava aos poucos se formando e existiam áreas ociosas e que pertenciam ao Grupo Votorantim. Foi aí que dois representantes do grupo empresarial, Mathias Gianolla e Pedro Augusto Rangel, em conversa com dois dos fundadores do Flamengo, Ângelo Gabriel Etildo Biajotti e Pedro Crais, propuseram que escolhessem um lugar para se construir a sede social e outra área para receber um campo em boas condições, já que os moradores se utilizavam de um espaço improvisado entre a rua Maria Hessel Bernardo e avenida Tiradentes.

A área do novo campo é a que existe até hoje, na parte alta da rua Altamiro Ferreira da Silva. Para fazer a terraplanagem foi utilizado maquinário da fábrica Votoran e Pedro Augusto Rangel se incumbiu de doar as traves. Já a construção da sede social teve uma planta fornecida pela fábrica de tecidos Votorantim, que também doou todo o material de construção e o serviço ficou a cargo de Ângelo Gabriel Etildo Biajotti, que era pedreiro e foi remunerado pelo gerente Mathias Gianolla.

A construção da sede social foi finalizada em 1956 e de lá para cá, recebeu inúmeros eventos como bailes, aniversários, confraternizações do time e até mesmo alguns velórios. Ali tem um valor sentimental muito grande para o bairro, pois uniu gerações e se tornou um espaço de convivência comunitária.

Tirde, como é conhecido Etildo Biajotti Filho, tem 79 anos, mora bem próximo da sede social e é filho do fundador e pedreiro Ângelo Gabriel que a construiu, ele fala do amor pelo Flamengo e do orgulho de ter sido diretor e jogador do time.

“O Flamengo permanece forte graças a um passado glorioso, onde muitos diretores do time se doaram para construir ao longo de décadas a história de um dos times mais queridos da cidade” comenta Tirde.

Cesar Silva é jornalista e autor de três livros sobre a história local
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Coluna publicada na página 14 da edição nº317, do jornal Gazeta de Votorantim, de 18 a 24 de maio de 2019.