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Votorantim,13/05/2025

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    Após encerrar atividades religiosas, igreja doa imóvel para a APAE

    Luciana Lopez

    Fonte: Jorge Silva
    Após encerrar atividades religiosas, igreja doa imóvel para a APAE Prédio está localizado na Av. Luiz do Patrocino Fernandes

     


    A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Votorantim conquistou na última quinta-feira (16) seu primeiro imóvel edificado. As atividades da entidade atualmente são realizadas em um prédio de comodato do Grupo Votorantim, no bairro Santa Helena. Diariamente, cerca de 150 pessoas com deficiências intelectuais são atendidas pela instituição.


    Após trâmites burocráticos, que duraram mais de dois anos, a Apae ganhou um imóvel, no qual há uma igreja construída, localizado na Av. Luiz do Patrocino Fernandes, nº 260, na Vila Dominguinho. O local possui dois andares e já vinha sendo utilizado pela entidade para a realização de bazares beneficentes.


    A doação se deu após a dissolução de uma entidade religiosa, proprietária do prédio. De acordo com o autônomo Benedito Pedro do Nascimento, 64 anos, conhecido como Pedro, a doação era prevista no estatuto da entidade responsável pela Igreja Evangélica Universal Assembleia dos Primogênitos, da qual seu pai era pastor.


    Pedro relata que o terreno na qual a igreja foi construída, há mais de 50 anos, pertencia a um casal, Amaro e Maria, que deixou a área como herança para que seu pai, o pastor Silvino Pedro Nascimento, fizesse uma igreja. No mesmo terreno já havia uma casa construída nos fundos e esse mesmo casal demonstrou, ainda em vida, interesse que a propriedade ficasse em nome do seu pai. “Na ocasião, meu pai disse que não queria que a casa ficasse no nome dele, pois ele achava que tinha ficar no nome da igreja. Após o falecimento do casal, os fiéis se reuniram e decidiram em assembleia da entidade administradora da igreja, que a casinha ficaria para o meu pai e que no terreno da frente, seria construída uma igreja. Meu pai ficou contrariado, pois ele era um homem muito simples e não almejava ter posses, mas teve que aceitar a decisão dos fieis de ter a casa em nome dele, mas não quis que a igreja ficasse em seu nome”, explica Pedro.


    O templo foi construído com verbas de donativos e passou a ser patrimônio da própria igreja, assim como outros dois prédios, um localizado na Vila Carvalho, em Sorocaba, e outro em Pilar do Sul. No estatuto de constituição da Igreja, feito no início da década de 1960, constava que em caso de encerramento das atividades religiosas, os bens da igreja deveriam ser doados para uma entidade beneficente. “Os fundadores da igreja decidiram isso em assembleia”, disse Pedro.


     


    Origem da igreja


    A origem da igreja se deu após o desligamento da mãe de Pedro, a dona de casa Hilda Maria da Rosa, da igreja Presbiteriana. “Eu era menino, mas me lembro bem que minha mãe e meu pai reuniam fieis em minha casa, a transformando em casa de orações, que depois foi crescendo e deu origem a essa denominação religiosa, na qual meu pai era um dos pastores”, explicou o filho.


    Hilda faleceu em 1998, por problemas decorrentes de diabetes, aos 64 anos. Já o pastor Silvino Pedro Nascimento adoeceu no início da década de 2010 com problemas renais. Na ocasião, ele se mudou para o piso térreo do imóvel da igreja, e já passou a propriedade da casa dos fundos, para duas de suas herdeiras. “A casa foi vendida e dividida entre a minha irmã adotiva e minha cunhada, que era casada com meu falecido irmão. Eu preferi abrir mão de minha parte”, comentou Pedro.


    Observando a enfermidade do líder religioso, os fiéis começaram a se preocupar com a destinação da igreja, visto que as atividades religiosas dificilmente teriam continuidade sem a presença do pastor Silvino. Pedro relata que já havia um consenso que o imóvel deveria ser doado para uma entidade e seu pai demonstrou interesse que fosse para um asilo ou para a Apae, pois ele sempre contribuiu com a entidade.


    O pastor Silvino faleceu em julho de 2016, aos 84 anos, e após cerca de um ano, houve a dissolução da entidade religiosa. Nesse momento tiveram início os trâmites burocráticos para a doação. “Ficou decidido que as três igrejas seriam doadas para as Apaes de suas respectivas cidades. Até o momento, apenas a de Votorantim já teve consolidada a doação no cartório. Em Sorocaba e Pilar do Sul ainda estão correndo os trâmites burocráticos”, detalhou o autônomo.


    “Meu pai sempre foi muito correto em relação as obrigações legais. Desde que a entidade foi constituída, ele seguiu à risca todas as cláusulas do estatuto, era uma entidade muito alicerçada e ele fazia questão que após a sua morte tudo fosse feito conforme estava no documento. Ele nunca ostentou, nunca quis obter proveito financeiro com a igreja, era um homem extremamente humilde, religioso, cuja profissão era de marceneiro, da qual tirava o seu sustento. Na sociedade era um homem discreto, mas muito respeitado pelas autoridades locais”, lembra o filho.


    “Espero que esse ato da doação para uma entidade beneficente seja visto como um exemplo para a sociedade, para que assim motive outras entidades religiosas a fazerem igual”, finalizou Pedro, que está reunindo registros históricos das atividades da igreja para uma futura publicação documental.


     


    Salão será utilizado atividades assistenciais


    A presidente da Apae de Votorantim, Clara Inês Del Moral, que também fundou a entidade há 37 anos, demonstrou muita felicidade com a conquista. “Estamos muito felizes, veio em boa hora essa doação”, disse.

     


    Ela explica que já tem muitos planos para uso do prédio. “Pretendemos fazer os atendimentos às famílias dos assistidos pela Apae, pois nossas atividades são realizadas no bairro Santa Helena, que fica muito distante do Centro e não tem circulação de ônibus, o que inviabilizava muitas ações com os pais e familiares. Esse prédio que ganhamos está bem localizado”, comentou.


    Dentre as ações planejadas, estão palestras, terapias em grupo, cursos profissionalizantes, clube da família, incentivo a geração de renda, assistência social, além dos bazares beneficentes, que já vinham sendo feitos no local desde o ano passado. “Temos profissionais especializados empenhados em atuar junto às famílias”, disse Clara Inês.


    Sobre o ato da doação, ela disse que é a primeira vez que vê uma atitude dessa. “Foi uma doação feita com muito carinho. Enquanto eu estiver viva sempre lutarei para fazer o nosso melhor sempre. Acho que uma coisa dada não poderá ser vendida nem negociada. Nós vamos elevar o nome do pastor Silvino sempre a Deus, agradecendo por essa atitude. Poucas pessoas no mundo têm essa atitude, então devemos louvar para Deus sempre e valorizar quem nos deixa uma coisa tão importante. Estou profundamente grata, em nome das nossas crianças da Apae. “Nada do que é feito por amor é pequeno. Não iremos decepcionar aqueles que tiveram essa atitude”, finalizou demonstrando muita felicidade.


    A assinatura do documento de doação de imóvel, na quinta-feira (16), foi prestigiada por membros da diretoria da Apae: Mônica Marsal (vice-presidente), Nivaldo Tirelli (diretor de eventos), Aline (diretora de patrimônio), Almerinda Manbt (segunda-secretária), Roberta Gabriel (gestora) e Benedito Pedro do Nascimento (responsável do imóvel doado).






     


    Publicado na página 03 da edição nº317, do jornal Gazeta de Votorantim, de 18 a 24 de maio de 2019.


     




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