De passagem por Votorantim, Carlos Metidieri relembra carreira de jogador

Eduardo Gouvea
“Pode ser agora. Estou de viagem marcada para amanhã. No Bar do Paulo”. E nossa reportagem foi até o local indicado por nosso entrevistado, em uma das ruas da Vila Dominguinho, em Votorantim, na fria tarde do último dia 24. Chegado lá, encontramos ex-jogador José Carlos Metidieri, que nos aguardava em uma das mesas no fundo do estabelecimento. A conversa começa com ele contando sobre seus tempos de categoria de base, quando é interrompida por um telefonema, de outro veículo de comunicação, também solicitando uma entrevista.
No bate-papo de cerca de meia hora, o ex-atacante, de 72 anos e sobrinho de Alfredo Metidieri, ex-presidente do São Bento e também da Federação Paulista, falou sobre sua trajetória no futebol italiano, nos tempos que o mercado europeu tinha várias restrições para jogadores de fora, da época em que jogou no Canadá e Estados Unidos e também da atual geração de jogadores brasileiros. Na conversa não poderia deixar de ser citado o nome do São Bento, seu time do coração, juntamente com o Palmeiras. Ele lamenta o fato do Azulão não ter neste ano conseguido vaga na Série D do Brasileiro.
A trajetória de Metidieri começou defendendo o time de Alumínio, quando tinha 16 anos, logo após a Copa de 58. Em um jogo amistoso contra os veteranos do Palmeiras, ex-goleiro Oberdan Cattani, que estava nesta partida, o viu jogar e o levou para defender o juvenil do Verdão, onde ficou um ano. Depois foi para o futebol italiano, defender a camisa do tradicional Napoli, mas por ainda ser muito jovem e haver um limite para jogadores estrangeiros se transferiu para o Como, onde em um treino quebrou o braço e por isso não chegou a jogar pelo campeonato nacional, indo então para o Canadá, onde atuou pelo Toronto 1963 e 1966.
Depois, foi para os Estados Unidos defender o Boston Roversn em 1967. No ano seguinte jogou pelo Los Angeles Wolves, defendeu o Rochester Lancers entre 70 e 73. Jogou mais dois anos no Boston Minutemen. Em 1980 jogou futebol de salão pelo Buffalo Stallions ao lado do grande jogador português Euzébio. Como a temporada na América do Norte era mais curta com relação a brasileira, entre um campeonato e outro ele jogava pelo São Bento no Campeonato Paulista.
Na América do Norte, era conhecido como Topolino, que significa ‘ratinho’ em italiano, devido ao seu tamanho e agilidade, foi considerado por dois anos seguidos o melhor jogador da liga americana e também defendeu a seleção dos Estados Unidos em algumas partidas. Depois ainda deu aulas de futebol em escolas americanas e segue vivendo lá até hoje, no estado do Arizona. “Me casei com uma ‘italiana-americana’ e com quatro filhos não voltei mais”, diz.
Ele também jogou pelo Metidieri FC no campeonato amador de Votorantim e lembra das velhas rivalidades da época. “Joguei em uma época boa em Votorantim, quando era Metidieri e Corinthinha. Era uma rivalidade impressionante. Era Pato de um lado, eu do outro”.
Sobre o atual momento que vive o futebol nos Estados Unidos, Metidieri acredita que quando os jogadores de lá acertarem o pé serão uma grande potência na modalidade. “Quando o atacante americano aprender a fazer gol, ninguém vai ganhar deles. Porque eles têm facilidade para defender, são fortes e são rápidos”, analisa.
Já a Seleção Brasileira atual não empolga muito o ex-jogador. “Eu gosto da época do Brasil do Brasil de 58, 62, 70. Naquela época se jogava bonito. Assisti esses dias (o jogo) contra a Venezuela e não é mais como antigamente”, analisa. Questionado se na sua opinião o atacante Neymar teria espaço nessas equipes mencionadas, ele diz que o camisa 10 “em qualquer época teria lugar”.
A passagem no último mês pela cidade de Votorantim foi curta, mas em fevereiro ele pretende voltar junto com toda a família.
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