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Votorantim,13/06/2025

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    Falso médico Gerson Lavisio apresenta sua versão dos fatos

    Gerson chegou a realizar atendimentos médicos em Votorantim em março

    Fonte: Luciana Lopez
    Falso médico Gerson Lavisio apresenta sua versão dos fatos Gerson deu entrevista para a TV Votorantim

     


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    O votorantinense Gerson Lavisio, que foi detido na rodovia Dutra por atuar como médico sem ter registro e diploma, foi entrevistado pelos jornalistas Luciana Lopez e Werinton Kermes, apresentadores do Programa Debate dos Fatos, da TV Votorantim, na terça-feira (19). A entrevista respeitou pedido de Gerson -- que evocou direito de resposta -- para apresentar suas versões sobre os fatos, que tiveram repercussão nacional.


    Além de sua atuação como falso médico na Via Dutra, Gerson Lavisio atuou por duas horas no dia 03 de março de 2022 na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Votorantim após ser contratado por uma empresa terceirizada. Na ocasião, a farsa foi descoberta por funcionários da unidade de saúde e ele foi denunciado para o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), no entanto, quando os fiscais do órgão chegaram ao local, ele já havia fugido. O mesmo homem já havia cometido o mesmo crime em uma unidade de saúde de São Paulo em dezembro.


    No último sábado (16), em entrevista à Folha de S. Paulo, Gerson disse que atuava como falso médico para juntar dinheiro para estudar medicina na Argentina. A mesma versão ele deu na TV Votorantim. Ele contou que já tentou passar em vestibulares do curso no Brasil, mas não conseguiu ser aceito em nenhuma universidade.


    Gerson mudou-se com sua família para Votorantim aos 14 anos.  Disse estudar bastante e que tem muitos livros em sua casa e que desde 2014 tenta passar no vestibular de medicina no Brasil, sem sucesso. Ele tem convicção que seus estudos são suficientes para realizar atendimentos de clínico geral. “Para casos específicos eu não atuaria, como em pediatria, por exemplo”.  Em alguns momentos da entrevista reconheceu agiu errado, já em outros, não demostrou muita clareza de seu arrependimento. Questionado se já realizou atendimentos médicos em outros locais, ele negou. “Eu atendi em Parelheiros, na CCR e em Votorantim”, afirmou. Também disse que não chegou a receber salário pelos atendimentos que realizou.


    Gerson foi preso em 15 de março, em Pindamonhangaba, enquanto trabalhava como médico socorrista para a concessionária CCR RioSP, após ser contratado por uma terceirizada, Enseg. Ele foi detido após supostamente ordenar a amputação da perna de um homem que sofreu um acidente na cidade de Lavrinhas.


    Alvo de processo por utilizar registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) de outro médico e um diploma falso de medicina, Gerson está em liberdade. Ele negou a acusação e disse que não ordenou a amputação nem teve qualquer ligação com o procedimento, que foi feito no hospital de Lorena. Ele repetiu a informação na TV Votorantim. “Eu dei plantão numa base tranquila, mas parece que, quando eu fiquei lá, tudo aconteceu para mim. No dia da ocorrência, falaram que eu tinha amputado a perna. Eu não amputei. A função nossa ali foi manter o paciente lúcido e orientado”.


    Gerson disse que recebeu convite de partidos da esquerda e da direita para “entrar na política” e que estaria estudando a possibilidade. Ele cogita ser candidato a deputado federal neste ano por algum partido que seja da base de apoio do presidente Bolsonaro, porém, para tanto, ele teria que ser filiado até 02 de abril, o que não teria ocorrido.


    Na entrevista à TV Votorantim houve bastante interação dos telespectadores nas redes sociais. Alguns, inclusive, sugeriram que Gerson deveria procurar ajuda psiquiátrica. Ele foi questionado pelos apresentadores se já cogitou realizar exames para detectar algum transtorno mental ou realizar terapias, mas afirmou que “não precisa”.


     


    Atendimento em Votorantim


    A atuação de Gerson como falso médico foi noticiada pelo portal da Gazeta de Votorantim no dia 21 de março e na edição da Gazeta de Votorantim do dia 26 de março, com destaque para o fato de ele ter autuado irregularmente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Jataí, em Votorantim. Antes, a história foi contada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, na noite dia 20 de março.
    Na entrevista à TV Votorantim, Gerson se mostrou um pouco nervoso, não se aprofundou nos assuntos, se enrolou ao responder algumas questões, se emocionou quando perguntado sobre como sua família recebeu toda a repercussão da história. Ainda fez algumas críticas evasivas ao sistema público de saúde, sem entrar em detalhes. Mostrou-se, ainda, bastante vaidoso ao contemplar sua imagem no monitor.
    O assunto segue em investigação em vários âmbitos: Ministério Público, Conselho Regional de Medicina, Polícia Civil, além de processos internos na CCR RioSP e Prefeitura de Votorantim, que recebeu a mão de obra do falso médico por meio da empresa terceirizada por uma empresa terceirizada, Cirmed, que presta serviços de plantões médicos para o município.


     


    À Gazeta de Votorantim, a Cremesp informou que “Gerson Lavisio protocolou, em fevereiro de 2022, pedido de inscrição junto ao Conselho. No entanto, após checagem da documentação junto aos órgãos competentes, o Cremesp identificou que o diploma apresentado é falso. O Conselho, inclusive, enviou e protocolou denúncia ao Ministério Público Federal, informando sobre a apresentação do diploma falso. O falso médico também apresentou o protocolo de solicitação de inscrição no Cremesp, o que foi considerado suficiente para sua contratação pela Enseg (empresa terceirizada da CCR Nova Dutra). Vale ressaltar que Gerson não possuía número de CRM e, portanto, não estava habilitado para atuar. O Cremesp esclarece, ainda, que vai investigar a contratação do falso médico por parte da Enseg e de outras instituições aonde o mesmo atuou, e que adotará as providências cabíveis”.


    A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Votorantim informou “que a denúncia feita pelos funcionários da UPA sobre o falso médico foi relevante para que os órgãos fiscalizadores pudessem chegar ao indivíduo e impedir que ele atuasse em outras unidades. A Secretaria de Negócios Jurídicos abriu procedimento para responsabilizar e autuar a empresa, conforme sanções previstas no contrato de prestação de serviço. Em relação aos pacientes, as três pessoas atendidas nesse curto período foram atendidas por outro médico e imediatamente reavaliadas. A Secretaria de Saúde está colaborando desde o início com o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e com órgãos fiscalizatórios para que o caso seja esclarecido e o autor punido. A Secretaria ressalta que foi por meio de sua denúncia ao Cremesp que a irregularidade veio à tona”, finalizou.


    A CCR encaminhou a seguinte nota à redação: "Sobre o acidente ocorrido no dia 13/03, na Rodovia Presidente Dutra, a CCR RioSP reitera que não houve amputação, como veiculado: a vítima teve o pé esquerdo lacerado e esmagado na batida e, após o desencarceramento realizado com apoio de equipe do Corpo de Bombeiros, foi encaminhada com os membros inferiores, à Santa Casa de Lorena. Isto pode ser confirmado pela nota oficial emitida pelo estabelecimento hospitalar. O paciente deu entrada no hospital com os membros inferiores visíveis. E, após avaliação multiprofissional, foi encaminhado para o Centro Cirúrgico para um procedimento de emergência. Fica claro que a decisão sobre a cirurgia ocorreu após a entrada no hospital, sob exclusiva responsabilidade da equipe da Santa Casa de Lorena, não havendo portanto qualquer procedimento de amputação no local do acidente seja pelo falso médico ou qualquer outro profissional envolvido na ocorrência. Adicionalmente, é importante atentar para o relato do médico da ENSEG, empresa contratada pela concessionária, responsável pelo atendimento. Em nenhum momento de todo o procedimento de resgate da vítima houve procedimento de amputação. A concessionária confia na análise dos fatos e na ponderação, com equilíbrio dos conteúdos a serem veiculados, sempre oferecendo a melhor informação ao público", assina a nota Carla Fornasaro, diretora-presidente da CCR RioSP.


    A entrevista completa pode ser assistida no site


     (Da redação)




     Reportagem publicada na edição 459 da Gazeta de Votorantim de 23 a 29 de abril de 2022


     




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