Após quatro meses e depois de MP instaurar inquérito civil, Comissão de Ética decide apurar o “caso dos docinhos” na Câmara de Votorantim
Primeira reunião da Comissão de Ética do caso dos docinhos não teve quórum mínimo de vereadores
Quatro meses. Esse foi o tempo em que a Câmara de Votorantim
demorou para marcar a primeira reunião para investigar denúncias de compra de
votos que teriam ocorrido durante o processo de afastamento do então presidente
da Casa, Thiago Schiming (Novo), conhecido como o “caso dos docinhos”. O
anúncio foi feito pelo presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara, vereador Pastor Lilo (MDB), durante a sessão ordinária de terça-feira
(27).
Durante a sessão, o vereador Pastor Lilo informou que na
primeira reunião, deveria ser ouvido o jornalista responsável pela Gazeta de
Votorantim, Werinton Kermes. Segundo o parlamentar, o Ministério Público também
será notificado sobre a abertura da investigação pela Comissão.
A denúncia veio à tona após a Gazeta de Votorantim divulgar
dois áudios atribuídos ao vereador Robson Vasco (PSDB). Nos áudios, há uma
suposta negociação de votos no Legislativo envolvendo o pagamento de “docinhos”
para dois vereadores em troca de votos favoráveis ao afastamento de Schiming.
A abertura do caso pela Comissão de Ética acontece
justamente dias após o Ministério Público do Estado (MP-SP) ter informado que
instaurou inquérito para apurar o caso. Vale lembrar que no dia 19 de abril, um
munícipe protocolou ofício direcionado à Mesa Diretora, pedindo a abertura de
investigação do caso pela Câmara. Quatro dias antes, no dia 16 de abril,
durante entrevista ao programa Debate dos Fatos, pela TV Votorantim (TVV), o
atual presidente da Câmara, Cirineu Barbosa (PL), ao comentar sobre o caso disse
que “se tiver algo errado tem que investigar”.
A partir daí, a reportagem fez diversos questionamentos à
Câmara se a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar havia dado algum tipo de
andamento no pedido para a apuração do fato. No último dia 16 de agosto, por
exemplo, a resposta foi a seguinte, enviada por meio da assessoria de imprensa:
“A Câmara Municipal de Votorantim ainda não foi notificada sobre a abertura de
inquérito e as informações sobre este assunto já foram encaminhadas para o
jornal Gazeta de Votorantim em questionamento anterior.” A reportagem então
questionou novamente, uma vez que a informação da assessoria de que as
informações sobre este assunto foram encaminhadas para o jornal, como se refere
a nota, se trata de resposta dada em junho, que na ocasião informou “A Câmara
Municipal de Votorantim informa que a Comissão de Ética e Decoro é permanente e
que as denúncias são apreciadas de acordo com a ordem de protocolo. Por conta
disso, alguns processos foram finalizados e outros seguem em andamento”.
Depois disso, a Gazeta de Votorantim questionou outras
vezes, pedindo um detalhamento das investigações em andamento, mas não obteve
sequer resposta.
Já o vereador citado nos áudios, Robson Vasco, que é alvo da
investigação, não se pronunciou também naquela ocasião.
Primeira reunião
A Comissão Permanente de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara Municipal de Votorantim esteve reunida nesta sexta-feira (30) para dar
início aos trabalhos de investigação.
Estiveram presentes os vereadores Pastor Lilo (MDB),
presidente da Comissão; Zelão (PT), Luciano Silva (Podemos); e Robson Vasco
(PSDB) e Alfredo Pissinatto (PSDB) como convidados. Os vereadores Mauro dos
Materiais e Gaguinho foram representados por seus assessores, o que
impossibilitou a votação para eleição do relator da Comissão por falta de
quórum. “É importante salientar a importância da participação e
comprometimento dos parlamentares para o andamento desta Comissão”, salientou
Lilo.
O diretor da Gazeta de Votorantim, Werinton Kermes, enviou
ofício justificando a sua ausência por conta de situação de enfermidade de um
familiar, deste modo, os trabalhos não avançaram e a comissão aguardará o
momento propício para agendar uma nova oitiva.
Com isso, nova reunião foi marcada para terça-feira (03),
após a Sessão Ordinária, para eleição do relator do processo e definição sobre
os próximos passos da Comissão.
Por Marcelo Andrade
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