Seja bem-vindo
Votorantim,11/09/2024

    • A +
    • A -
    Publicidade

    Num quarto de hospital em que seu pai está internado, jornalista é notificado para comparecer em reunião da Comissão de Ética que apura o caso dos docinhos da Câmara de Votorantim

    Fonte: Servidor entrou no quarto do hospital com a notificação
    Num quarto de hospital em que seu pai está internado, jornalista é notificado para comparecer em reunião da Comissão de Ética que apura o caso dos docinhos da Câmara de Votorantim   Reprodução


    Esta reportagem começará de uma forma diferente, provocando
    uma reflexão ao leitor e, consequentemente, à população. Qual seria sua reação,
    caso você estivesse acompanhando seu pai, com idade avançada, num leito
    hospitalar, acometido por uma doença avaliada pela equipe médica como grave, e
    uma pessoa, mais precisamente um servidor da Câmara de Votorantim a mando de um
    presidente de uma Comissão de Ética, entrasse nesse quarto para lhe entregar um
    ofício para simplesmente fazer um “convite” a prestar depoimento, apenas como
    testemunha, num caso que envolve uma denúncia a um vereador acusado de suposta
    compra de votos no processo de cassação, da qual você simplesmente noticiou o
    fato, por ser jornalista. E se você já tivesse ressaltado a situação para outro
    servidor, por telefone, mas, mesmo assim, o funcionário não respeita a situação
    e toma tal atitude, dizendo que era para cumprir a ordem do presidente tal
    comissão? Qual seria sua reação? Indignação, raiva, perplexidade?

    Pois esse fato aconteceu na quarta-feira (28), e foi
    exatamente essa a reação e que teve o jornalista e proprietário da Gazeta de
    Votorantim, Werinton Kermes, ao vivenciar tal situação. Ele conta à reportagem
    que há dias está acompanhando seu pai, em esquema de rodízio com irmãos, que
    está internado em um hospital de Sorocaba, acometido por uma doença grave e
    que, na quarta-feira (28) foi surpreendido pelo funcionário da Câmara que foi
    até lá para notificá-lo a prestar depoimento no caso que envolve uma suposta
    compra de votos que teriam ocorrido durante o processo de afastamento do então
    presidente da Casa, Thiago Schiming (Novo), conhecido como o “caso dos
    docinhos”. A denúncia veio à tona após a Gazeta de Votorantim divulgar dois
    áudios atribuídos ao vereador Robson Vasco (PSDB). Nos áudios, há uma suposta
    negociação de votos no Legislativo envolvendo o pagamento de “docinhos” para
    dois vereadores em troca de votos favoráveis ao afastamento de Schiming.

    Ainda segundo Kermes, um funcionário chegou a ligar para
    ele, momentos antes de o outro servidor entrar no hospital e ir ao quarto em
    que seu pai estava acamado. “Eu expliquei a ele toda a situação e pedi, por
    favor, para que deixasse o documento na sede do jornal ou num horário em que eu
    não estivesse no hospital e eu assinaria o protocolo, sem problema algum, uma
    vez que não sou réu, aliás, somos nós, o jornal do qual sou proprietário quem
    revelou esse suposto caso e que, inclusive o Ministério Público passou a
    investigar”, disse e completou: “Não podemos deixar o quarto, sempre tem que
    ter alguém. Agora pergunto: Porque o responsável pelo jornal que divulgou tem
    que ser o primeiro a ser ouvido e não outros envolvidos diretamente no caso.
    Nós só reproduzimos uma sonora, a partir de uma denúncia que nos chegou. E que,
    após quatro meses que um morador pede à Mesa a abertura de investigação por
    parte da Comissão de Ética e somente após o MP instaurar inquérito, decidem
    apurar o caso. Ou seja, levaram quatro meses para realizar a primeira reunião
    que envolve o caso e aí decidem vir me notificar, num quarto de hospital, onde
    meu pai está acamado em estado grave. Não poderia ser outro horário, outro dia,
    em outro local? Não poderia ser outra pessoa primeiramente e depois eu,
    respeitando esse momento?”

    Kermes contou que o servidor que foi notificá-lo disse que
    não poderia ser outro dia. Kemes chegou a filmar a caso, da qual a reportagem
    teve acesso e pode observar toda a cena, inclusive, com a presença de
    enfermeiras no local. “É uma situação constrangedora e inadmissível. Uma total
    falta de sensibilidade”, completou.

     

    #foragazetadevotorantim

    Apesar de Kermes não fazer qualquer comentário se entedia o
    fato como uma suposta retaliação, a reportagem apurou que o presidente da
    Comissão de Ética, o Pastor Lilo, fez uma postagem, no último dia 27, em que
    faz críticas à Gazeta de Votorantim, usando inclusive a campanha nas redes
    sociais “#foragazetadevotorantim”, isso quando ele tomou conhecimento de que o
    jornal iria publicar uma reportagem sobre sua condenação a pagamento de multa
    por propaganda política irregular a seu favor em um culto religioso. A postagem
    do vereador inclusive teve comentário da prefeita Fabíola Alves (PSDB), na qual
    chegou a dizer “Jornaleco ridículo e imoral”, apenas pelo simples fato de
    noticiar fatos públicos.

     

    O que dizem os presidentes da Comissão e da Casa

    O presidente da Comissão de Ética da Câmara Municipal de
    Votorantim, Pastor Lilo, ao ser questionado, disse, por meio de nota, que: “Em
    nenhum momento o presidente da Comissão foi informado sobre a situação do pai
    do senhor Werinton Kermes, sendo que este tem o contato pessoal do Pastor Lilo
    e de seus assessores e em outras ocasiões já entrou em contato para tratar de
    assuntos diversos. Além disso, a Gazeta assim como outros veículos de
    comunicação, recebeu a informação de que a Comissão seria instaurada e que o
    senhor Werinton seria o primeiro a ser ouvido.  Como ele seria o primeiro
    a ser ouvido pela comissão, e poderia nos trazer novas informações já que
    realizou investigações jornalísticas sobre o caso, aguardávamos que ele pudesse
    nos trazer mais informações e a partir daí faríamos um cronograma de oitivas.
    Sendo assim, iremos propor uma nova data para que o senhor Werinton venha até a
    Câmara Municipal. Diante dos fatos, estaremos em oração pelo pai e toda família
    do senhor Werinton neste momento de dificuldade e convalescência. Ficamos
    tocados pela situação e nos colocamos à disposição de toda família.”

    Já o presidente da Câmara, Cirineu Barbosa, também ao ser
    questionado, limitou-se a divulgar a seguinte nota: “O presidente da Câmara
    Municipal, Cirineu Barbosa, informa que de acordo com o Artigo nº 13 da
    Resolução nº3, de 23 de março de 1994, que trata do Regimento Interno da Câmara
    Municipal de Votorantim, o Presidente não pode fazer parte de qualquer Comissão
    Permanente ou Temporária. Sendo assim, no momento que tomou conhecimento sobre
    o ocorrido, solicitou à Procuradoria Jurídica desta Casa de Leis, parecer
    orientando quanto às medidas necessárias para que fatos como este não voltem a
    ocorrer.”

    Por Marcelo Andrade

































    COMENTÁRIOS

    Buscar

    Alterar Local

    Anuncie Aqui

    Escolha abaixo onde deseja anunciar.

    Efetue o Login

    Recuperar Senha

    Baixe o Nosso Aplicativo!

    Tenha todas as novidades na palma da sua mão.