Mãe denuncia possível erro médico após morte de bebê de 4 meses

A pequena Antonella, votorantinense de apenas quatro meses, faleceu no último sábado (05), em Votorantim, após ser atendida três vezes em um hospital particular de Sorocaba. A mãe da criança, Joellim Cristina Aoki Maruci, de 25 anos, registrou um boletim de ocorrência denunciando suposta negligência médica.
De acordo com o documento policial e com relato enviado à Gazeta de Votorantim, Antonella apresentou reações adversas após receber as vacinas do quarto mês no dia 30 de junho. “Ela começou a vomitar e ficou gemente. Na madrugada do dia 1º de julho, por volta das 3h, levamos ao pronto-socorro do convênio. A médica disse que era reação da vacina, aplicou medicação e nos deu alta”, conta Joellim.
Nos dias seguintes, a bebê apresentou falta de apetite, gemidos constantes e fraqueza. A mãe voltou a procurar atendimento médico no dia 02 de julho, por volta das 18h. “Mediu-se a glicemia, que estava em 68. A médica chegou a prescrever soro, mas insistiu para que eu desse leite. Como ela mamou um pouco, a médica alegou que Antonella estava gemendo por fome e fomos liberados de novo.”
Segundo Joellim, os sintomas persistiram e se agravaram. “Fomos para casa e nada mudou. A falta de apetite e a gemência continuaram. Na sexta-feira (04), por volta das 4h da manhã, voltei novamente ao pronto-socorro. Expliquei tudo, mostrei vídeos de momentos em que Antonella estava ofegante e gemendo. A médica fez apenas um exame físico e disse que estava tudo bem, que poderia ser o início de uma gripe. Prescreveu paracetamol e inalação em casa, dizendo que a gemência e a falta de apetite eram reações à vacina, agravadas pela gripe, e assim nos deu alta.”
Joellim afirma que, em nenhum dos atendimentos, foram realizados exames mais aprofundados, como coleta de sangue ou outros procedimentos para investigação do quadro clínico. “Sinto que o hospital do convênio poderia ter feito mais por ela. Um exame, ter aplicado aquele soro… Mas confiamos na palavra dos médicos. Eles estão ali para cuidar das nossas crianças. Se eu soubesse que era mais do que uma gripe, eu estaria com minha filha nos braços”, lamenta.
No sábado (05), Antonella acordou em estado mais grave. “Ela estava gemendo demais, não queria mamar de jeito nenhum. Decidimos levá-la à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Votorantim. Lá, a médica solicitou todos os exames para descobrir o que poderia estar causando aquilo tudo, mas Antonella já estava desidratada. Não conseguiram achar uma veia para aplicar o soro. Ela já estava em choque por desidratação. Teve uma parada cardíaca e não voltou mais”, relata a mãe.
A bebê deu entrada na UPA, administrada pelo Instituto Moriah, por volta das 8h30. O óbito foi confirmado no local. O hospital solicitou que a família registrasse um boletim de ocorrência.
O caso foi inicialmente registrado como “morte suspeita”, mas, segundo o boletim de ocorrência, o Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba recusou-se a realizar o exame necroscópico, por não se tratar de “morte violenta”, e orientou que o registro fosse alterado para “morte natural”. A família contesta essa classificação. O corpo foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, unidade Sorocaba, após pedido da Prefeitura de Votorantim.
“Perdemos nosso primeiro filho com três meses por problemas cardíacos. Antonella veio como uma luz após aquele luto. Ela era saudável, sorridente, nossa esperança. Agora estamos novamente vivendo um pesadelo”, desabafa Joellim.
A mãe também relata que, apesar de o hospital afirmar que está oferecendo apoio psicológico à família, isso não é suficiente. “O que precisávamos deles era atenção para a minha filha. Agora, queremos justiça. Vamos a fundo nisso para evitar que aconteça com outras crianças.”
A Gazeta de Votorantim entrou em contato com o hospital particular de Sorocaba, que respondeu: “O hospital lamenta profundamente a perda da paciente A.A.G.C., se solidariza com os familiares e manifesta seus mais sinceros sentimentos neste momento de dor. Reitera seu compromisso com a responsabilidade, a ética e a qualidade da assistência prestada. A paciente foi atendida de acordo com o quadro clínico apresentado durante as passagens pelo pronto-socorro. Recebeu avaliação médica e medicação conforme os protocolos clínicos estabelecidos para sua faixa etária. Tanto o exame físico quanto os sinais vitais estavam dentro dos parâmetros normais em todas as ocasiões. A atuação da equipe médica e de enfermagem seguiu critérios de segurança, cuidado e conduta técnica adequada à situação apresentada. A Diretoria de Acolhimento está em contato com os familiares e permanece à disposição para oferecer todo o suporte necessário, além de esclarecer quaisquer dúvidas relacionadas aos atendimentos realizados. A unidade segue acompanhando o caso com atenção e respeito”, finalizou em nota.
O nome do hospital foi preservado até o fim das investigações.
Por Luciana Lopez
Antonella com sua mãe Joellim
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