Aos 100 anos de idade, Dona Elza Sevilha relembra histórias de sua vida
Fonte: Jesse James / Arquivo João dos Santos Júnior
Dona Elza Calixto Sevilha com 100 anos de idade
Dona Elza Calixto Sevilha com 100 anos de idade .
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Por Jesse James
No último dia 08 de maio, o Programa “Lembranças de Votorantim”, apresentado pelo historiador e Relações Públicas, Jesse James dos Santos, apresentou a entrevista com a Dona Elza Calixto Sevilha, nascida em 13/11/1923 na Rua Savoia, Bairro da Chave, Votorantim, que completará 101 anos este ano, filha de Olivio Calixto Queiroga e Dona Benedita Menegocci. Ela é a mais velha dos irmãos, sendo eles Olívia, Dulcila, Leonel e Mariene ainda viva com 85 anos de idade, residindo em Brigadeiro Tobias.
Seu pai foi Chefe da Estamparia da Fábrica de Tecidos Votorantim. Sua mãe, Benedita é filha de José e Avelina Menegocci, uma família de dez filhos, além de Dona Benedita, o casal teve os filhos Ida, Antônio, Guilherme, Luiz, Assunta, Mariquinha, Luiza, Orlando e Honorato, uma grande família que prosperou em Votorantim. Dona Elza, ainda se recorda da casa de seus avós na beira do Rio Sorocaba, na antiga Rua Tarcísio do Nascimento, lá também conheceu sua Bisavó chamada Giulia, uma mulher alta de olhos azuis. Seus pais vieram da Itália para trabalhar nas fazendas de café na cidade de Tietê, anos mais tarde chegaram a Votorantim a procura de melhores condições de vida.
Dona Elza trabalhou na sala chamada “abertura” onde ela fazia a selagem e encaixotamento das roupas, supervisionadas pelos chefes Sabino e Eduardo.
Em sua adolescência chegou a frequentar o antigo Cine-Teatro, onde na época só passava filmes mudos e a emoção e tensão das cenas eram acompanhadas por músicos que ficavam a frente fazendo a sonoplastia, também foi assídua frequentadora dos festejos de São João Baptista que acontecia naquela época no largo em frente a fábrica, anos mais tarde foi morar na Rua João Feliciane, onde também veio a ser realizada as Festas Juninas, quase em frente a sua residência. Dona Elza foi a primeira moradora do bairro e foi ela que deu nome ao Jardim Paraíso.
Casou-se em 1944 com Benito Sevilha, um espanhol legítimo, nascido em Cáceres na Espanha, o casal se conheceu na vila operária de Votorantim, tiveram duas filhas Ivani e Neuza (já falecidas). Durante alguns anos sua neta Gerusa foi morar com ela e faleceu precocemente com 31 anos, deixando a filha com 10 anos vivendo com a Dona Elza, hoje ela está na Alemanha e sempre liga para a bisavó. Dona Elza, também tem o neto Eduardo que ela se refere assim “Depois de Deus, pra mim é ele”, referindo-se ao neto com muito carinho.
Seu Benito Sevilha e Dona Elza, após o casamento foram morar nos fundos da casa da dona do Armazém, onde sua mãe trabalhava olhando a filha da proprietária, depois foi morar no fim da avenida onde tinha 5 casinhas da Dona Raimunda a casa era de chão de terra batida, com sala e quarto, até que foi morar na casa do Seu Salvador em frente ao rio, onde tinha um ponto onde as mulheres lavavam roupas. O casal se amava, apesar da vida difícil, eram românticos e seu Benito sempre a levava ao cinema de Votorantim, deixando as filhas com o pai seu sogro, seu Olívio para entreter as netas tocava sanfona. Anos mais tarde o casal adquire o terreno no Jardim Paraíso, onde Dona Elza viveu por 44 anos.
Seu Benito era filho de Florentino Sevilha e Dona Agostina Brabo Alcoba, ele veio fugindo da Guerra, vindo no porão do navio. Benito era Tecelão, após sua aposentadoria começou a consertar rádios e televisão, na casa da mãe da Dona Elza, ele arrumou um quartinho onde fazia os serviços, até que em 1982 faleceu com 55 anos. Após seu falecimento Dona Elza foi em sua oficina para entregar os aparelhos, mas foi surpreendida pela enchente que invadiu a oficina.
O entrevistador Jesse James, foi vizinho de Dona Elza por aproximadamente 10 anos e se lembra quando tinha 5 anos de idade, quando seu Benito faleceu, sua avó Isaura comentou que na noite do dia anterior viu uma coruja piando na antena da casa dele e quando isso acontecia era que alguém iria falecer.
Hoje seu Benito Sevilha é nome de uma importante ponte, atrás da Prefeitura Municipal de Votorantim, fazendo ligação aos bairros do Dominguinho, Rio Acima etc. e está localizada ao lado de onde era a casa da família de Dona Elza.
Ela se lembra que da Prefeitura de Votorantim em direção a praça de eventos era tudo brejo e que o seu sogro plantava uma parte de milho e na parte molhada plantava arroz o qual ela ajudava a colher. A sua avó chegou a morar na antiga Casa dos Padres, onde achou um baú com chapéus, roupas e toalhas de linho.
Hoje fica orgulhosa em ver o progresso de Votorantim crescendo com novos bairros. Também se lembra da Rua do Comércio que tinha os Armazéns do Biagio Croccia e do Ferraresi onde fazia uma linguiça deliciosa, da loja do seu Luiz Bernardes, Dona Irma da Farmácia, e que para atravessar até o Bairro da chave tinha duas entradas uma pelo campo do Clube Atlético e o da Olaria, ambas chegaram a ser ponte pencil, que dava medo para atravessar e hoje todas já modernas.
Dona Elza Calixto Sevilha é uma mulher batalhadora, sempre bem humorada, ativa e nos momentos de lazer faz suas palavras cruzadas e diz que quer deixar saudades, só saudades, chegando a tirar lágrimas da Produtora do Programa, Patrícia Lima. Ela fica toda feliz dizendo que seus sobrinhos sempre vão visitá-la, queremos deixar aqui o agradecimento ao neto Eduardo, ao sobrinho Adilson Karafá e a Casa de Repouso Santa Rita, que através da proprietária Rita e das cuidadoras Larissa e Jennifer, nos proporcionaram o reencontro de Dona Gilda, mãe do entrevistador Jesse James e antiga vizinha de Dona Elza, além da recepção para este bonito registro da vida centenária de Dona Elza…
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