O secretário de Saúde de Votorantim, Robertson Magalhães Jordão (Beto Jordão), afirmou nesta terça-feira (2) que não há previsão para que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Infantil volte a funcionar em prédio próprio. A declaração foi feita durante reunião na Câmara Municipal, convocada pelos vereadores para tratar do fechamento da unidade e da falta de medicamentos nas unidades de saúde.

Também participaram do encontro os secretários de Administração, Claudemir Aparecido Muquem, e de Negócios Jurídicos, Jean Carlos Nunes Oliveira, que responde interinamente pela Secretaria de Finanças. Servidores das equipes técnicas acompanharam a reunião, realizada no plenário da Câmara, que não foi aberta ao público, mas contou com a presença da imprensa.

UTI Neonatal sem verba garantida

Um dos principais temas abordados foi a UTI Neonatal do Hospital Municipal. Segundo Jean Oliveira, não havia previsão orçamentária para a continuidade do serviço após julho, já que o custo mensal de manutenção dos leitos chega a R$ 550 mil. A Lei Orçamentária Anual aprovada pela Câmara Municipal de Votorantim em 2024 não contemplava recursos para além desse período.

Atualmente, o Hospital Municipal, a UPA Infantil e a UPA Central não recebem financiamento estadual ou federal, sendo mantidos apenas com verba municipal e emendas parlamentares. Já a UPA Jataí conta com repasses federais.

Realocação de atendimentos infantis

Para evitar o encerramento da UTI Neonatal, a Prefeitura decidiu transferir o atendimento de urgência das crianças para a UPA Central. “Não é um fechamento, é uma realocação de espaço. O atendimento continua sendo realizado por pediatras, em área de observação separada e com equipe de enfermagem exclusiva. Isso reduz custos com recepção, limpeza e farmácia”, explicou Beto Jordão.

O secretário informou ainda que o atendimento pediátrico voltou a ser realizado na UPA Jataí durante a madrugada, com a contratação de três novos médicos pediatras através de concurso público.

Busca por verbas estaduais e federais

A Prefeitura tem buscado alternativas para ampliar o financiamento da rede. Após reuniões com o secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, o prefeito Weber Manga conseguiu o compromisso de inclusão do Hospital Municipal no SUS Paulista. A unidade também recebeu certificações que a reconhecem como filantrópica, o que deve facilitar o acesso a recursos federais.

Outra ação é a informatização das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Hoje, os repasses federais cobrem apenas 20% dos custos porque os sistemas das UBSs não enviam dados online. Uma licitação já foi concluída para a entrega de mais de 100 computadores às unidades, medida que deve aumentar o repasse.

Em relação à UTI Neonatal, menos de 40% dos leitos são ocupados mensalmente. A gestão estuda locar os leitos não utilizados para outras cidades ou hospitais, mas somente quando houver vagas.

UPA Jataí seguirá funcionando

O secretário também negou rumores de que a UPA Jataí seria fechada, reforçando que o atendimento está mantido e com pediatras durante o dia, à noite e madrugada.

Falta de medicamentos e problemas em compras

Questionado sobre a falta de medicamentos na rede municipal, o secretário de Administração, Claudemir Muquem, afirmou que houve falhas no sistema de compras, o que atrasou o processo. “Tivemos que redigitar quatro vezes todo o procedimento, o que levou dias de atraso. Agora os pedidos foram concluídos e os medicamentos devem chegar em até dez dias”, disse.

Transparência e comunicação

Vereadores criticaram ainda a dificuldade em acessar informações no Portal da Transparência. Segundo os secretários, o sistema de licitações é atualizado regularmente e está disponível no site da Prefeitura, porém o acesso pelo menu da transparência, que é o mais acessível para a população não está sendo alimentado corretamente. Eles informaram que pretendem resolver essa problemática.

Outro ponto levantado foi a falta de diálogo entre a Prefeitura e o Legislativo. Os parlamentares se disseram desrespeitados por não terem sido informados com antecedência sobre o fechamento da UPA Infantil. Os secretários reconheceram a falha e admitiram que a comunicação deficiente prejudica a imagem da gestão.

Por Luciana Lopez

Imagens: Luciana Lopez